A articulação dinâmica
entre os tipos de práxis delineia as formas ocupacionais (gestalt ocupacional).
Uma forma ocupacional pode ser definida como o conjunto de atos que compõem e
configuram uma dada atividade. De outro modo, trata-se de um conjunto de atos
que permitem uma fisionomia à atividade; meio pelo qual ela é reconhecível. Por
exemplo, um dado conjunto de atos organizados pode tornar a atividade
reconhecível como jogo, como interação interpessoal ou atividade doméstica. Uma
atividade reconhecível é um algo nomeável e, no caso do exemplo ofertado, pode
ser futebol, namoro ou cozinhar respectivamente.
Todavia, esses atos se
organizam, se processam em razão de um propósito, uma vez que o propósito
exerce, exatamente, esse papel de articular, de modo dinâmico, os atos para um
determinado resultado. Ele agencia os vários atos necessários para o seu
alcance. O propósito pode ser mais ou menos consciente conforme o grau de
automatização dos esquemas motores, cognitivos e afetivos necessários para
alcança-lo. De qualquer forma, a perda do propósito e, via de consequência, o
esvaecimento da intencionalidade faz a atividade perder a sua forma ocupacional
e, neste caso, trata-se de mera atividade automática e quase que reflexa, ou
uma atividade desorganizada, fragmentada que deixa de ser reconhecível e nomeável.
Nessa perspectiva, os atos não dialogam mais com o resultado; há somente um
processo (organizado ou desorganizado), mas sem finalidade.
Assim sendo, a forma
ocupacional é o meio pelo qual se pretende alcançar um propósito. É a escolha
de uma estratégia ocupacional em busca de algo empenhado, colocado em
perspectiva, o propósito - “Estou empenhado em fazer e empenhado em alcançar
o objetivo”. Em síntese o empenho é o propósito, o motivo (o movente) e,
por essa razão, é também o resultado, a consequência visada em perspectiva,
portanto, a forma ocupacional é projetual em processo e resultado.
O desempenho, ao
contrário, é situacional, pois trata-se da execução fática dos meios projetados
na direção do resultado. Dessa forma, trata-se da vivência do processo e o
confronto com o resultado na situação real. O desempenho pode ser mais ou menos
satisfatório, mas é a resultante de algo projetado (empenhado), que foi
des-empenhado, colhido da situação real de vida.
A forma ocupacional e o desempenho
ocupacional, portanto, são faces da mesma moeda. O desempenho ocupacional não
pode existir sem as formas ocupacionais, uma vez que elas são a razão de fundo
do desempenho, representam o motivo, o propósito de agir. Por outro lado, o
projeto perde o sentido se não for para o alcance de um objetivo.
As práxis espontâneas e a
reiterativa, enquanto processo, são situacionais, isto é, elas estão diretamente
ligadas ao processo de desempenho (o alcance do propósito); a situação real.
Por outro lado, as práxis criativa e reflexiva são a substância das formas
ocupacionais, das projeções (projetos) ocupacionais. No primeiro caso temos uma
maior consciência prática e no segundo uma maior consciência da práxis.
Mario Battisti
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