quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Contrato Ocupacional do Corpo Humano


O corpo humano é constituído de partes e funções que anunciam o seu contrato com o mundo da vida. Trata-se de um processo de constante aperfeiçoamento, numa longa linha de tempo, denominado de humanidade; um modo de ser no mundo. O corpo representa a nossa autenticidade em face da vida, uma vez que a vida só existe do ponto de vista do existente; um corpo vivo e capaz de observar e interagir com as coisas.
Um dos contratos mais importantes que as partes e as funções do corpo têm com o mundo da vida é o contrato ocupacional. Esse contrato significa, sobretudo, o compromisso ou a promessa do corpo para com a transformação do seu entorno. Nosso corpo já está preparado para pegar, pular, agarrar, etc, bem como já está preparado para recepcionar e perceber as coisas que o cercam (dispostas conforme a sua análise).
Seria algo parecido com nas brincadeiras da infância: Um, dois, três e já...   O representa – já estar preparado – já estar lançado – valendo - o imprescindível presente onde a ocupação acontece e a preocupação é projeto (antecipação de esquemas).
Todavia, esse contrato ocupacional pode estar sendo parcialmente cumprido, isto é, a promessa de que o corpo é capaz de ver, ouvir ou agarrar algum objeto, por exemplo, pode não estar ocorrendo (acontecendo) por conta de lacunas causadas pela condição de saúde.
De outra forma, o contrato ocupacional com a vida é a conjuntura de esquemas corporais cognitivos, psicomotores, musculoesqueléticos, afetivos e psicossociais para a realização do sentido humano da vida (a graça). Quando esses esquemas corporais sofrem alguma forma de desarranjo (desnaturação – perda de sua natureza – quebra da promessa contratual com a vida) abrem-se lacunas que precisam ser preenchidas para que haja uma reaproximação (rearranjo) do corpo com a sua natureza e graça (o sentido da vida).
A Terapia Ocupacional é uma forma de cuidado do humano capaz de recrear conjunturas de esquemas corporais que preencham essas lacunas e restabeleçam a autenticidade do corpo, mesmo que essa autenticidade seja recuperada por meios artificiais. Contudo, uma vez que o artificial é integrado ao conjunto de esquemas que cumprem a promessa ocupacional em face do mundo da vida, eles se tornam corpo (incorporados); naturais.
Para cumprir a sua promessa, a Terapia Ocupacional deve se elevar da ciência e encontrar a arte; a arte que imita e dá sentido à vida (a graça). Essa arte que mobiliza meios para integrar o nosso cotidiano à natureza humana que nos caracteriza; a arte de ser Terapeuta Ocupacional.

Mario Battisti

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

CURSO DE CIF E DESEMPENHO OCUPACIONAL EM SÃO JOSÉ DE RIO PRETO

Neste último final de semana realizamos na bélissima clínica INCLUSIVA Terapia Ocupacional e Qualidade de Vida o Curso CIF e Desempenho Ocupacional.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Saúde Mental - razão ou desrazão?


Saúde Mental – segundo a Organização Mundial de Saúde é mais que a ausência de doença, uma vez que a saúde mental somente é alcançada, mesmo que parcialmente, com a presença dos determinantes das boas condições de saúde. Esses determinantes podem ser definidos, em apertada síntese, como aqueles bens econômicos e sócio-culturais que formam as várias dimensões do capital amealhado pela humanidade. Mas, além disso, saúde mental diz da possibilidade da convivência com a estranheza, ou melhor, de uma capacidade social de convivência com a estranheza o que significa, sobretudo, a capacidade de dar um sentido, um significado social para ela; que não seja apenas um objeto de dominação e satisfação mórbida do cogito de poucos.
A História da Loucura na Idade Clássica, de Foucault, escrito há 50 anos, retrata exatamente esse esvaziamento de significado da loucura, ou seja, em face da incapacidade de se conceber a estranheza como parte da razão humana, movido pelo modelo cartesiano (penso logo sou!), todo aquele que não se manifesta por meio da razão (do método) não pode ser conhecido no meio social, uma vez que ele representa claramente a desrazão. Dessa forma, se ele não pensa, dentro dos parâmetros estabelecidos, logo ele não existe.
A loucura e a estranheza no percurso histórico da humanidade, até o alvorecer do iluminismo e o Discurso do Método, se justificavam, se assentavam em valores muitas vezes sobrenaturais e, dessa maneira, a referida estranheza era sobrevalorizada e tinha seu lugar no universo social.
O iluminismo embora, de um lado tenha reintroduzido a centralidade do ser humano para o pensamento e com isto impulsionado a ciência, por outro, no que diz respeito à loucura, esvaziou-a de qualquer significado, de qualquer valor humano. Lançou os “loucos” às trevas, à escuridão. O louco de outrora carregado de poder sobrenatural e, portanto respeitado de alguma forma, agora não existe, não é ninguém, restou definido como doente e foi segregado para viabilizar o nascimento de uma ciência (a ciência do alienista).
Desde então, a ciência que criou e ao mesmo tempo nasceu das trevas de outros seres humanos, não conseguiu dar um sentido social à loucura e tão pouco concebê-la como propriedade da condição humana. Ora! Se ela é própria da condição humana ele pode e deve existir, todavia, dar um sentido à loucura é aceitar a desrazão como forma de existir contraria frontalmente o paradigma publicado em 1637 por Descartes.
Há muito a loucura dramática e espetacular foi subtraída dos loucos, sua aparição pública (cenas) foram proibidas; censuradas. Todavia, foram transferidas a outros personagens e passaram a viver nas extravagâncias excêntricas dos chamados gênios das artes e da ciência e mais recentemente, por exemplo, nas práticas de esportes radicais e no comportamento de inúmeras celebridades.   Neles a loucura recebe todos os adjetivos que, de uma maneira ou outra, outorgam sentido ás suas vidas. Aos verdadeiros loucos restou a loucura crítica, aquela que, sem um meio termo, reduz e condena ao isolamento.
Fato é que, ainda hoje, em que pese a vontade de uma parcela da sociedade de inscrever na carne uma nova ética ocupacional da loucura, as orientações ofertadas nos equipamentos de atenção psicossocial reforçam e reproduzem o esvaziamento de significado criado há séculos, ou seja, se um familiar expressa uma visão sobrenatural em face do espetáculo monumental que a loucura provoca, ele é estimulado, por vários “iluministas” contemporâneos, a visá-lo como doente, portador da insuperável desrazão;  ausência de sentido e desesperança.




sábado, 25 de junho de 2011

domingo, 29 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

REFLEXÃO


Terapia Ocupacional

A inscrição coletiva na carne da Ética Ocupacional do Cuidado.


A luta insana pela positivação de normas vem consumindo inúmeros ciclos de energia e se transmutando numa espécie de ilusão fugidiça (ilusion no sentido de Bourdeiu); uma perpétua frustração. A insanidade reside na dissociação e no desgaste resultante da formulação de inúmeras regras de um jogo, sem, contudo, participar, sequer um dia do dia a dia, do tempo em que o jogo se manifesta como tal (factual – situação real de vida). É o simulacro da conquista, da demarcação de um campo, de um território desorientado e denunciado pela ausência do dia, do tempo... ...Um dia!!! , Eis a promessa vã da norma positivada e afastada da inscrição coletiva na carne da ética ocupacional do cuidado.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

CANTANDO COM AS MÃOS



Com a mesma maestria do filme acima a Profª Ms. Danielle dos S. Cutrim Garros transfere os seus conhecimentos e competências às colegas da Pós em Saúde Funcional.