Na Terapia
Ocupacional o sentido da Ocupação se desenha, ao mesmo tempo, como “fazer algo”
e “existir/permanecer em algo”. Fazer coisas, permanecer nelas e no mundo
expressam a incessante busca do ser em oferecer propósito e significado à sua experiência
cotidiana; à sua existência.
Essa
afirmação, contudo, diz de um sujeito epistemológico; um sujeito teórico
(paradigma). O sujeito epistemológico é um referencial teórico, ele é o
expediente científico por meio do qual balizamos a nossa prática clínica. Ele
possibilita a explicação (papel da ciência) dos fenômenos próprios da humanidade.
Portanto, ele é o sujeito unívoco, isto é, no qual restam reduzidos os demais
(os outros todos). Ao contrário, a pessoa que se socorre do cuidado do
Terapeuta Ocupacional é o sujeito equívoco, isto é, a pessoa prenhe de
incertezas, imprecisões e de buscas particulares. Trata-se de um ser na
constante e laboriosa construção de sua própria história; sua própria narrativa
ocupacional.
O sujeito
epistemológico orienta a condução do cuidado da pessoa, mas a pessoa não pode
ser confundida com esse sujeito epistemológico. De outro modo, pode-se dizer de
uma “anatomia ocupacional”, isto é, de uma ciência que se vale de um sujeito
ficcional para articular o conhecimento sobre a ocupação humana e guiar os raciocínios
clínicos, mas não é dele que se trata/cuida. O perigo reside em tomar a pessoa
pela ficção e cair na tentação de cuidar do sujeito epistemológico projetado na
pessoa humana. O sujeito epistemológico não é possuidor de uma narrativa, ele é
desprovido das imprecisões da equivocidade do sujeito real.
Na clínica
centrada no cliente há uma excepcional supremacia da pessoa sobre o sujeito epistemológico,
uma vez que na repriorização do setting
terapêutico ocupacional tem-se a aparição da narrativa ocupacional. Daí a
importância da ciência explicativa que tem origem na clínica compreensiva.
Ele fez [...]
ele permaneceu [...] ele disse [...] houve vazio de fazer [...] um trecho da vida
[...] álbum de fotos [...]
Mario
Battisti
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