domingo, 27 de dezembro de 2015

Feliz Ocupacionalidade

OCUPACIONALIDADE  = qualidade de ocupacional.

             O termo ocupacionalidade significa a qualidade do que é ocupacional. É um conceito que  implica na qualificação do que se define como ocupacional. Ocupacionalidade é o termo geral para dizer de todas as nuances do que é ocupacional, isto é, o desempenho, as habilidades, os papéis, as identidades e, por redução teórica, o corpo. Uma vez que o corpo ocupacional é o outro modo de dizer do ser-no-mundo; dapresença. 
As condições nas quais se desvelam o desempenho ocupacional, as habilidades ocupacionais, os papéis ocupacionais, enfim, o corpo ocupacional, é o que se quer dizer com ocupacionalidade. Indagar a ocupacionalidade de um corpo ocupacional significa perguntar, por exemplo: “o corpo, para o cumprimento de sua natureza ocupacional (no mundo como ele é), move-se de modo satisfatório em face de suas necessidades, desejos e obrigações?”  E as perguntas assessórias necessárias para desvendar a ocupacionalidade desse corpo, ou seja: Move-se onde? E para onde? Move-se quando? E por quanto tempo? Move-se como? Move-se para que? Ou para quem? Move-se com dor? Move-se com satisfação? Move-se com restrição? Move-se com Limitação? Move-se com que compromisso? Com que sentido? ou Move-se sem razão? etc. As indagações desvelam a estrutura profunda da ocupacionalidade e qualifica a natureza ocupacional desse corpo.
A ocupacionalidade equivale à extensão da escala que envolve as ocupações, as capacidades e os desempenhos na definição do bem-estar ou sofrimento ocupacional; denota como o corpo ocupacional realiza o que tem, necessita, deseja ou não pode realizar, como ocupa o tempo e o espaço que tem, necessita, deseja ou não pode ocupar e quais os motivos e consequências em razão de como, onde, quando e por que (significado/valores) assim o faz. 
De outro modo, trata-se das condições nas quais o indivíduo acaba envolto em razão da ocupação do espaço, do tempo, das coisas, das ideias e dos outros. Esse envolvimento, essas ocupações significam, de pronto, as características ativa e participativa do corpo ocupacional, e, sobretudo, portanto, significam a natureza ocupacional do corpo humano.
As nuances do que é ocupacional vão se configurar, em síntese, nas duas condições fundamentais que submetem o que é ocupacional no corpo humano; o sofrimento e o bem-estar ocupacional. 
O fato do ser humano estar frequentemente envolvido e des-envolvido em ocupações é o que define a ocupacionalidade de seu corpo ocupacional cuja extensão, como já foi observada, pode ir do sofrimento ao bem-estar.
A ocupacionalidade é adjetivo, é qualidade do que é ocupacional e, dessa forma, igualmente, qualifica o modo ocupacional da terapia. Se a ocupacionalidade diz da extensão que se estabelece entre o bem estar e o sofrimento ocupacional do corpo, ela também denota que a terapia, por ser ocupacional, é fonte indubitável de bem estar e sofrimento ocupacional. Daí a arte e ciência contida na terapia ocupacional; uma perpétua imposição à mente do terapeuta em definir, juntamente com aquele que está entregue aos seus cuidados, em que medida o bem estar e o sofrimento ocupacional que resultam das intervenções terapêuticas são terapêuticos. De outro modo, a pergunta pode ilustrar: “Por que parte do que é terapêutico ocupacional faz emergir um sofrimento ocupacional no corpo daquele que está sendo cuidado? Que desconforto necessário é esse?” A ocupacionalidade é um conceito necessário ao diagnóstico, ao prognóstico e à terapêutica ocupacional.
Por fim, a ocupacionalidade, é a qualificação da natureza ocupacional do corpo humano. É uma gradação de qualificação do referido corpo ocupacional cuja extensão oscila entre a possibilidade e a impossibilidade de ocupar e entre a liberdade pré-ocupacional deempenhar necessidades e desejos e as restrições materiais, sociais e culturais que se interpõem ao des-empenho  do empenho pré-ocupacional.
Neste final de ano e para o início do próximo desejo que a mais satisfatória ocupacionalidade seja alcançada pelas terapêuticas ocupacionais lançadas em favor da cura, do cuidado, do aprimoramento, da felicidade do corpo ocupacional de nossos clientes.
 

Mario Battisti

sábado, 3 de outubro de 2015

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

quarta-feira, 5 de agosto de 2015


Apresentação do DESB - Software de aplicação e incorporação institucional da CIF na AFAC - Associação Fluminense de Amparo aos Cegos, com participantes da Associação Fluminense de Reabilitação, Pestalozzi e da UFRJ.

sábado, 13 de junho de 2015




Apaes participam da capacitação sobre a CIF, no Centro Mineiro de Tecnologia Assistiva, em Pará de Minas
A Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais (FEAPAES-MG) realizou nesta segunda-feira (8), na Unidade Aberta e Integrada (UAITEC), polo no qual se localiza o Centro Mineiro de Tecnologia Assistiva, em Pará de Minas, a capacitação com o tema “Introdução a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade por meio software facilitador da sua aplicação e incorporação”.
O palestrante, responsável pelo desenvolvimento do software é o Dr. Mário Cesar Guimarães Battisti, da empresa Performance Educacional.
Com esse software é possível emitir relatórios e avaliações baseados na CIF, apresentando um diagnóstico e acompanhamento clínico dos pacientes.
De acordo com o presidente da Feapaes-MG, Eduardo Barbosa, o software poderá ser uma ferramenta que simplifique o diagnóstico multidimensional aplicado nas Apaes”.
Aproximadamente 40 pessoas participaram da capacitação.
Fonte: Assessoria de Comunicação Feapaes-MG

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

https://www.facebook.com/pages/DESb-Aplicativo-online-da-CIF/682309015180682?fref=ts

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

MATRÍCULAS ABERTAS 2015 - TURMAS SAÚDE MENTAL E SAÚDE FUNCIONAL


posfacis.to@gmail.com
Início
Fevereiro de 2015
Horário
Das 9:00 às 18:00h.
Local
FACIS
Rua Dona Inácia Uchôa, 399 - Vila Mariana
São Paulo/SP
Tel: 11 5085-3141
Investimento
18 parcelas de R$ 325,00

COMPROMISSOS OCUPACIONAIS - pra início de conversa

Falar sobre compromissos ocupacionais é o mesmo que dizer das necessidades das pessoas. Os compromissos decorrem das necessidades do corpo ocupacional cuja natureza é secundária, pois deriva da natureza primeira e funcional precursora, no ser humano, da condição ocupacional. Esses compromissos têm origem nas necessidades físicas, são modeladas pela consciência e mediadas pelo contexto social respectivamente: o imediatamente dado (o corpo em si) a potência que permite novos corpos no mesmo corpo e, por fim, o poder de mediar as diversas camadas da natureza ocupacional.
O corpo ocupacional é unidade sintética da vida e a razão primeira e última (motivo e consequência) dos compromissos ocupacionais. Ele se manifesta como a síntese de duas de suas dimensões, a dimensão pré-ocupação e a dimensão ocupação, que são respectivamente: o empenho e o desempenho. Ambas caminham num contínuo de tensão da projeção à plasmação, da vontade em atos.
Os compromissos ocupacionais podem ser p. ex.: possíveis, mas indesejáveis; desejáveis, mas não realizáveis; necessários, mas impossíveis; proibidos, mas desejáveis etc. Eles se nos apresentam em frequente tensão e como possibilidades, obrigações, deveres, necessidades e desejos relacionados. Dessa forma, a vontade move-se e é movida pela força das obrigações, desejos, necessidades e possibilidades contidas nos compromissos ocupacionais.
O nível de satisfação ou insatisfação com o resultado concreto da ação humana (o bem ou o mal materialmente falando) tem origem na síntese das duas dimensões do corpo ocupacional. A busca pela satisfação é um fenômeno que acompanha todo o curso da síntese, ou seja, do empenho ao desempenho. Assim, de forma resumida, ocorre um empenho, uma penhora e a ela se segue a busca pela satisfação. Trata-se da recuperação, por meio do desempenho, da coisa empenhada, daí a razão do prefixo de negação “des” contido no termo desempenho; o desempenho é o resgate de um investimento, é a recuperação na forma de satisfação do que foi empenhado. Dependendo do grau de satisfação, o processo de síntese pode ser fonte sofrimento ou prazer. O conjunto dos desempenhos (resgates) ocorridos na história ocupacional e a expectativa (a coisa empenhada) determinarão o grau da variação entre dor e prazer.
Para ilustrar a amplitude da variação acima referida tomemos como exemplo duas situações extremas de dor:
Suponha-se algum compromisso ocupacional não confesso cujo projeto de ser foi sufocado por cipoais de medo ou de vergonha e no qual sequer se alcançou o instante do desempenho. Neste caso, frustrou-se a descarga da força contida na coisa empenhada (penhorada), isto é, o desempenho acabou frustrado e a força empenhada não saiu da dimensão pré-ocupação. Quais as consequências? Bem! Caso a força da coisa empenhada encontre, num outro instante, alguma outra forma de dispersão, ela deixará a preocupação ou alcançará uma redução na preocupação. Contudo! No caso da não dispersão e, ainda, de refluxos sucessivos da coisa empenhada à preocupação, decorrerá uma forma de sofrimento; um sofrimento pré-ocupacional. A coisa empenha restará aprisionada, lá onde mora o imaginário do algo empenhado, mas não realizado e os fantasmas do “porque”: Por que não fiz? Por que não posso? Por que não quero? Por que não consigo? Por que devo? Por que não devo? Por que não sou?
Qualquer coisa que frustre o desempenho, que não permita o resgate da energia empenhada, que impeça de modo persistente que o desempenho exista como dimensão de recuperação do corpo ocupacional projetado (pré-ocupado) será fonte de um sofrimento pré-ocupacional. Nesse formato, é a impossibilidade perpétua de realizar-se no seu próprio corpo ocupacional; o não conhecimento ou reconhecimento em si da dimensão do desempenho; da busca de satisfação; que em si encontra-se a satisfação.
Por outro lado, quando o desempenho é desprovido de coisa empenhada, não há, via de consequência, o que resgatar e, dessa forma, não há des-empenho. Esta condição de fazer algo desprovido de propósito é a aparição do sofrimento ocupacional no seu extremo. O desempenho sem a coisa empenhada é qualquer outra coisa que não desempenho. Trata-se da desnaturação do corpo ocupacional.
Na primeira situação tem-se o empenho, mas frustra-se o desempenho, o resgate da coisa empenhada. Ela fica aprisionada no emaranhado da pré-ocupação, pois reflui sucessivamente para ela; o recalque do corpo ocupacional. Na segunda o desempenho não é frustrado, ele sequer existe, pois não há empenho; é a desnaturação do corpo ocupacional. A atividade desprovida da coisa empenhada pode até ser funcional, mas, por certo, não é ocupacional.
A profissão historicamente se deteve na redução extrema da dimensão ocupação do corpo ocupacional e, dessa forma, em muitos contextos, se reduziu a uma espécie de “terapia não verbal” onde os terapeutas estavam obrigados a “obrigar” aqueles que estão sob seu cuidado a fazer alguma coisa. Talvez a caricatura abaixo explique o efeito deletério que tem a indevida “obrigação de fazer o outro fazer” na amálgama de nossa identidade; um véu de obscuridade.
Alguém diz: “Gente! Gente! Chegou um Terapeuta Ocupacional! E o coro exclama: Opa!!! Agora esses pacientes vão fazer alguma coisa!”
Não gostamos disso! Mas o véu da “obrigação de fazer o outro fazer” está tão impregnado na identidade da Terapia Ocupacional que quando alguém, que não um terapeuta ocupacional, se vale de uma atividade qualquer para “beneficiar”, de alguma forma, uma pessoa, um intenso sentimento de injustiça emerge. Uma de nossas mais importantes contradições! Não gostamos disto, mas é nosso!
Vivemos um momento em que outras orientações profissionais, não sabendo como aparentar produtividade concreta, dão as costas aos seus paradigmas e vestem-se dos paramentos da liturgia “da obrigação de fazer o outro fazer”
Uma nova práxis clínica, um novo ciclo virtuoso demanda o que denomino, de modo provisório, por incapacidade momentânea de formular um termo mais exato, de uma abordagem dialógica sintética da coisa empenhada e do seu des-empenho.  Trata-se de uma abordagem eminentemente verbal, produtiva e capaz de desvelar os compromissos ocupacionais das pessoas e as dificuldades para colocá-los em curso.
O fato de estabelecer essa dialógica sintética tematizada em compromissos ocupacionais há de refletir na nossa capacidade de cura (cuidar, adaptar, desenvolver). O desempenho ocupacional, como se sabe, se define como aquilo que se dá na vida real das pessoas e não no setting terapêutico. As atividades materiais, nem sempre necessárias, que se realizam na clínica da terapia ocupacional são técnicas de ensaio para a vida real, são imitações da vida em ambiente controlado cujo objetivo é, sobretudo, contribuir para uma maior certeza de que, quando no cotidiano, a pessoa saberá resgatar, por meio do seu desempenho, o que ela empenhou.
Há que se manter uma distância cuidadosa da “primordial” e habitual pergunta: “o que você quer fazer?” juntamente com as listas (cardápios) de atividades que têm origem na “obrigação de fazer o outro fazer”. Esses dispositivos dissimulam a obrigação de fazer (o tratamento moral), ludibriam o corpo ocupacional com a suposição de que as pessoas escolheram o que estão fazendo, driblam e alienam as reais vontades (compromissos) e driblam os observadores menos analíticos.
No lugar do “novo tratamento moral” = “o que você quer fazer?”, roga-se a inscrição (o registro) na carne (no corpo) de uma nova Ética Ocupacional onde a abordagem dialógica possa suscitar: “em quais compromissos ocupacionais você está empenhado? Pois aí está penhorada uma parcela importante de sua vida? Em quais compromissos você não coloca mais empenho? (fé, esperança, crença, valor)” [...] “Como você espera desempenhar os seus compromissos ocupacionais?” [...] “Qual sua dificuldade para passar do empenho ao desempenho?” E outras tantas!
Há uma parte invisível, contudo material naquilo que as pessoas realizam. Quando perguntamos: O que foi ou será empenhado? A resposta envolverá muitas coisas – memórias, intenções, sonhos, crenças, imaginários, fantasias, afetos, esquemas corporais [...] E o que foi des-empenhado? Tudo isto! E mais! A vida como ela é para si; suas dores e seus prazeres!
Em que estamos empenhados? Com o que estamos compromissados? Somos capazes? Seremos capazes? Como ficaremos se não pudermos? O que faremos se não conseguirmos?
De qualquer forma! Um des-empenho satisfatório em 2015.

Mario Battisti