Senão! Poeticamente
vêm as perguntas – “As mãos! Ora para que as mãos? Qual o seu sentido? Qual a razão
para tanta sensibilidade? Para que movimentos tão refinados? Mãos! Ora para que
mãos tão articuladas e repletas de tantas possibilidades se para elas o destino,
a finalidade já não estivesse traçada, se já não houvesse uma prescrição
natural para essa tão avançada tecnologia. As mãos humanas estão a serviço da
intenção de ser e permanecer no palco existencial.
Assim, da
mesma forma, cada parcialidade do corpo humano articulada numa totalidade, que
é mais que a soma das partes desse corpo, representa essa necessidade
primordial de ser e permanecer. De outro modo, pode-se afirmar que os verbos ser e permanecer, que denotam um sujeito de estado, reclamam, para a
manutenção dessas condições (estados), verbos do tipo fazer, isto é, pegar,
agarrar, soltar etc. Portanto, o sujeito
do fazer realiza o sujeito de estado
e quando ambos recaem sobre a mesma pessoa tem-se a aparição do sujeito reflexivo.
O corpo
(substantivo = substância) ocupacional (adjetivo = atributo) é um conceito
sintetizador desse contrato natural entre o existente e o mundo das coisas. O
corpo é funcional para salvar-se e ocupacional para além da salvação
(transcende a salvação), para uma envergadura existencial mais ampla que a que
reside nas funções, isto é, o corpo é ocupacional (contém atributo) para
exercitar o seu sentido de ser; satisfazer-se com a busca de satisfação.
Mario Battisti
Mario Battisti